terça-feira, 2 de setembro de 2008

“ASCENSÃO” - EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL FOTOGRÁFICA DE NUNO ASCENÇÃO


Quem como as árvores ascende aos céus?!

Imóveis, os ramos são raízes que se alimentam do cosmos abraçando os céus. Desenham, entre luz, a vida que olham como uma renda de esperança e encontros.

Ao subscrever uma concepção mística dos troncos e ramos despidos de folhas, Nuno Ascenção mostra-nos, em cinzentos, a dinâmica do encontro entre Luz e Forma, e destas com a Origem.

Inquietantes, as fotografias evidenciam a fusão e ascensão da Natureza tangível com a imaginada, necessária ao homem, Deus! Tornando Criador e criatura numa só e mesma coisa. É desta articulação orgânica e mística que surgem as mais sublimes e inesperadas formas, evocadas, em poesia, pela sensibilidade atenta do fotógrafo.

Ascendendo

Não sobem os ramos sem o céu tocar.

O Outono anuncia outro tempo de luz prolongada, oblíqua e doce.

O caminho da sua chegada é o da conversão das folhas perfeitas em frutos, outrora sementes apoiadas na terra, trincados a desaparecer.

Os ramos apontam, orgulhosos, o universo, anunciando a ascensão dos dias que longos se estendem no limiar imaginado das sombras, no rosto dos cometas, na certeza de tudo poder respirar.

- O desenho da sabedoria, a alegria da vida nascida do chão transcendendo o solo que de todos é!
Incertos na fé e na razão, o espírito permanece nas nuvens e no vento.

Mais do que pétalas, os ramos são os frutos primitivos e absolutos que as mãos dos homens hão-de tocar.

Falam apenas de uma resposta oferecida às infinitas perguntas de vida descentrada da dimensão do acaso que anjos rasgam pelo ar.

Incrédulas, despidas, as árvores apontam o cosmos sem conhecer o sentido último do olhar adormecido dos deuses poisados nos ramos.

No regaço do amor, a Natureza acorda a manhã alvoroçada pelo momento do encontro.

Um minuto mais e era verão!

Henrique Levy (poeta)

Na cor do seu Sentir

Na Obra de Nuno Ascenção há raízes desarmadas de saudade.
Ruas suspensas. Ramos rasgando o azul da vida. Ventos de cor.
Personalidade própria e verdades captadas no contraste da luz.
Tudo isto: como entidade viva!... Porque o Céu também se pensa assim.

Não seremos nós, voantes passageiros na intemporalidade do Universo?
Eterna viagem a preto e branco. Na cor do seu Sentir.

Maria Sobral Mendonça (pintora)