Não sobem os ramos sem o céu tocar.
O Outono anuncia outro tempo de luz prolongada, oblíqua e doce.
O caminho da sua chegada é o da conversão das folhas perfeitas em frutos, outrora sementes apoiadas na terra, trincados a desaparecer.
Os ramos apontam, orgulhosos, o universo, anunciando a ascensão dos dias que longos se estendem no limiar imaginado das sombras, no rosto dos cometas, na certeza de tudo poder respirar.
- O desenho da sabedoria, a alegria da vida nascida do chão transcendendo o solo que de todos é!
Incertos na fé e na razão, o espírito permanece nas nuvens e no vento.
Mais do que pétalas, os ramos são os frutos primitivos e absolutos que as mãos dos homens hão-de tocar.
Falam apenas de uma resposta oferecida às infinitas perguntas de vida descentrada da dimensão do acaso que anjos rasgam pelo ar.
Incrédulas, despidas, as árvores apontam o cosmos sem conhecer o sentido último do olhar adormecido dos deuses poisados nos ramos.
No regaço do amor, a Natureza acorda a manhã alvoroçada pelo momento do encontro.
Um minuto mais e era verão!
Henrique Levy (poeta)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
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